terça-feira, 1 de março de 2016

Saindo de cena...

Reprodução/NOO
Tem horas que você percebe que o show acabou e não tem ninguém mais na plateia para te aplaudir. Apenas os sons reverberando na mente de quando os holofotes iluminavam todo o recinto, de quando havia luz. Palmas para o que foi feito, sendo ovacionado em todas as conquistas, em todos os momentos de glória, e agora? Esse lugar não tem luz, o único eco é o das batidas de um coração apertado e velho batendo em descompasso. Ah, se eu soubesse que esse dia chegaria com gosto tão amargo, teria construído um lugar ao pôr do sol para observar as aves que fogem para um lugar de esperança. Mas eu quis viver aquele momento, como se eu fosse jovem para sempre, como se o amanhã nunca chegasse. Era intenso e quente, havia aquela chama dentro de mim que queimava dia após dia, com o tempo se apagando e se transformando em cinzas. Cinzas é o que sou, um corpo de cinzas frio e de labaredas quase sendo cessadas pelo vento frio das ruas poluídas. É hora de sair de cena, resguardar o pouco que sobrou, como os animais que somem procurando um lugar para se despedir, sem incomodar os donos. É hora de abaixar as cortinas e tirar o sorriso do rosto, é hora de agradecer ao público por ter comparecido ao grande espetáculo da vida. Eu entretive as multidões enquanto tive forças, enquanto havia algo para oferecer, enquanto minha mente se transbordava em inspirações.




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