sábado, 24 de setembro de 2016

Desculpe o transtorno, eu era só um adolescente


Ainda tenho dúvidas se a parte mais difícil da vida é ser adolescente ou ser adulto. Acho que cada um sabe onde a dor aperta. Hoje, nos meus vinte e poucos anos, olho pra trás e percebo que aquilo era só o começo. Como toda criança que entra na puberdade, tive meus medos e não havia ninguém para me ajudar.
É difícil quando os hormônios começam a fervilhar dentro de você e você não consegue entender o que se passa. Suas emoções ficam inconstantes, tudo fica mais intenso, a raiva parece ser algo incontrolável, e a irritabilidade então? Falta paciência, sobra imediatismo e você se torna chato. Não pelo que os outros pensam, mas quando você se olha no espelho percebe que, por mais que você queira ser “cool” (legal), você está chato e sente raiva de si mesmo. A auto-estima vai por água a baixo.
Voltando ao fato de estar sozinho, não culpo os pais, porque eles vivem a vida adulta, muito mais cheia de problemas que eles escondem (e a gente nem imagina), porque ainda não é o nosso momento. E  pais sofrem sozinhos também com esses problemas - a.k.a. vida adulta. Quando falo de estar sozinho, falo sobre essa atenção que nós jovens clamamos. Nosso olhar, nossas atitudes imploram, mesmo que não digamos uma só palavra: “Ei, me ajuda! Eu não sei o que está acontecendo comigo?”. Um conselho, um abraço. Haja paciência! E geralmente nossos pais já estão tão sobrecarregados de seus problemas que essa paciência se vai... E vira um ciclo vicioso: “Você não me entende!”, como se eles nunca tivessem sido adolescentes um dia.
Falta empatia, amizade, companheirismo, de ambas as partes, mas adolescente... adolescente não consegue distinguir esses momentos difíceis. A cabeça parece dar um dó! É nesse momento que entramos numa tristeza profunda, nos escondemos, temos medos bobos, mas que acabam se tornando em monstros. Outros já preferem a rebeldia para consolidar uma personalidade que ainda não está formada:  piercings, tatoos, cigarros, álcool, sexo, drogas... posts e imagens depressivas nas redes sociais e por aí vai.
Nessa fase não gostamos de ouvir ninguém, não gostamos de ser contestados, porque acreditamos que podemos resolver nossos assuntos com maturidade. Que maturidade? Mas nunca fale isso para um adolescente. É o fim! Temos vários amigos e junto deles, inconstâncias. Várias inconstâncias... Imagina um bando de adolescente juntos? Brigas, raiva, fúria em um dia, amor e amizade 'pra sempre' no outro. Mas esse "pra sempre" não existe, queridos jovens! Amigos mesmos, de verdade-verdadeirinha, têm outra definição que só vamos aprender quando formos mais velhos.
Quando seus vinte e poucos anos chegam e você abre a porta da vida adulta, percebe que aquilo era só o início. Que os leões são muito mais ferozes agora. Mas a diferença é que esses leões vivem do lado de fora, e quando somos adolescentes, eles vivem dentro de nós.  Não adianta os pais usarem todas suas experiências para criticar e dizer que “isso não está certo!”, ou brigar, gritar, xingar... Isso só piora as coisas e afasta o relacionamento sublime de pais e filhos.
Não há uma receita para lidar com a adolescência. Só deixar o tempo passar, afinal é uma fase. Nem somos tão inconsequentes assim. Só precisamos de atenção. Se eu pudesse dar um conselho para os pais que vão ler isso, eu diria apenas uma coisa: paciência. Se vocês não puderem ter paciência com seus filhos, como vão ajudar? Apenas paciência. Não coloque expectativas sobre nós, não queira que sejamos exemplo, não nos compare com os filhos dos outros. Neste momento o que mais queremos é liberdade, e saber que podemos contar com alguém e que alguém gosta da gente do jeito que somos. Quando estivermos experientes e maduros vamos nos arrepender de muita coisa, acreditem.

4 comentários:

  1. Não tenho filhas adolescentes ainda, mas obrigada por tentar explicar aos adultos o que eu sentia com 15 anos, por me fazer lembrar o que passei e não repetir os mesmos erros com minhas filhas.

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  2. Esse meu amigo tá demais viu!!! Parabéns pelo blog...nao consigo parar de ler seus posts...

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