Foto: Divulgação |
Primeiramente, preciso contextualizar que é um monólogo sem fala, baseado em apenas expressões corporais e efeitos sonoros e visuais de um personagem, asteroide, que vive no espaço vagando e visitando alguns cosmos ao longo da sua jornada pela infinitude do universo. A obra é inspirada no livro O Pequeno Príncipe e a questão da grandeza do ser humano e um planeta pequeno demais para caber outro ser. O que eu vi durante a brilhante atuação da atriz Ana Flávia Garcia, é o paradoxo entre a solidão humana e a falta de conhecimento do indivíduo sobre ele mesmo. Claramente eu enxerguei meu mundo e minhas questões particulares ali. A peça foi muito além das intenções do diretor e de toda equipe que fizeram o espetáculo acontecer. Durante a 1 hora em que o asteroide interage com mundos diferentes, eu só vi a representação da humanidade atual. A solidão de um alguém, mesmo cercado de diversos outros mundos, que não se reconhece porque está sempre olhando para o além. A imaturidade, as vezes infantil, em lidar com as próprias emoções. Traz de volta aquela criança interior ferida que busca compreender a si mesmo na fase adulta, onde é muito mais difícil de lidar. O personagem caminha em círculos, durante noites e dias, buscando prazer e descartando o que não lhe serve. Depois de uma frustração daquilo que lhe chama a atenção, mas não é perene, ele sai em busca de outros mundos onde possa se sentir bem, mas ele esquece que não adianta fugir, que estamos conosco todo o tempo e é preciso nos enfrentar. A agressividade com o externo parece fácil para ele, em derrotar, e acabar com qualquer coisa que seja incômodo, mas quando ele se depara consigo mesmo, é inevitável o sofrimento. Ele não se reconhece, tem raiva de sua imagem, mas quanto mais tenta espantar, mais se torna evidente a necessidade de se encarar, se compreender e se aceitar.
Em muitos momentos da peça tive calafrios, falta de ar, e uma vontade extrema de chorar, sair do lugar de espectador e entrar em cena para abraçar aquele ser, que no fundo me representava. É como se eu estivesse me vendo de fora, num exercício que não é tão simples de fazer no dia a dia. É como se eu estivesse vendo a minha criança interior e quisesse a proteger e abraçar para dizer que em meio toda aquela solidão, ela tem a si mesma e a mim adulto hoje, mais forte e mais preparado para acolher emoções tão descontroladas e imaturas quando não havia ninguém para o fazer.
A obra instiga a busca do autoconhecimento, quem somos, para onde vamos e a partir daí conseguir enxergar genuinamente o que há de verdade ao nosso redor além de nossas emoções.
A quem possa se interessar, restam duas datas para as apresentações:
4 e 6 de maio (quinta e sábado) às 20h no Galpão Salomé, na 716 norte.
Brasília/DF
Ingressos pelo Sympla
4 e 6 de maio (quinta e sábado) às 20h no Galpão Salomé, na 716 norte.
Brasília/DF
Ingressos pelo Sympla
Mais informações no instagram @asteroide.espetaculo
Ficha técnica
Direção:
Roberto Dagô
Ana Flávia Garcia
Deborah Alessandra
Direção e dramaturgia
Roberto Dagô
Performance
Ana Flávia Garcia
Direção:
Roberto Dagô
Ana Flávia Garcia
Deborah Alessandra
Direção e dramaturgia
Roberto Dagô
Performance
Ana Flávia Garcia
Assistente de direção
Deborah Alessandra
Projeção mapeada
Aníbal Alexandre / Matriz Visual
Direção de arte/ cenário/ figurino e objetos
Danilo Fleury/Coarquitetos
Poli Salomé
Trilha sonora e sonoplastia
Zé Pedro Gollo
Rafael Ops
Iluminação
Lemar Rezende
Preparação corporal
Tobias
Assessoria de imprensa
Clara Camarano
Denise Camarano
Mídias sociais
Clara Molina
Design Gráfico
Maíra Guimarães/Coarquitetos
Estagiário de produção
Ilgner Boyek
Direção de produção
Aline Cardoso
O projeto é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC). ApoioBurburinho Cultural, Coarquitetos, Secretaria de Cultura e Economia Criativa e Galpão Salomé
Nenhum comentário:
Postar um comentário